Estudos recentes na área do conforto térmico indicam que os sistemas personalizados de condicionamento (PCS) permitem o aumento do conforto térmico dos usuários e, ao mesmo tempo, a redução do consumo energético. Isso decorre da possibilidade de ajuste das condições climáticas de forma localizada e individualizada, ampliando o controle dos usuários sobre seu microclima e satisfazendo suas preferências individuais. O conforto térmico gerado pelo ajuste do microclima da estação de trabalho permite que o ambiente seja mantido sob temperaturas mais amplas. Dessa forma, a energia gasta no condicionamento do ambiente pode ser reduzida sem que o conforto térmico dos usuários seja prejudicado. No Brasil, onde prevalece o clima quente e úmido, o aumento da velocidade do ar é uma estratégia efetiva para manter o conforto e reduzir o consumo energético dos sistemas de refrigeração. Nesse contexto, os ventiladores pessoais têm grande potencial, por produzirem esse efeito, associado ao controle local individualizado. Por conta disso, o objetivo deste trabalho é avaliar o potencial de uso de ventiladores de mesa para aumento do conforto térmico dos usuários em ambientes de escritório durante o verão. Para isso, realizou-se uma pesquisa de campo em ambientes de escritório em operação. O método consistiu na aplicação de questionários aos usuários e medição das condições térmicas do ambiente. O monitoramento foi realizado em duas etapas, uma semana com uso habitual dos sistemas existentes e outra semana com a disponibilização de miniventiladores de mesa aos usuários. Durante o experimento, os usuários utilizaram os sistemas de condicionamento, operaram as aberturas e acionaram os ventiladores da forma que consideravam mais apropriada. Apesar de ser esperado aumento do conforto térmico, aceitabilidade térmica e sensação de neutralidade com a disponibilidade dos equipamentos, não houve diferença significativa entre os resultados dos períodos com e sem ventiladores. A principal diferença de votos identificada entre os dois períodos foi na preferência sobre o movimento do ar. No período com ventiladores, os votos de preferência pela não alteração do movimento do ar aumentaram e a preferência pelo aumento do movimento do ar foi reduzida. Isso indica que a principal vantagem do ventilador é permitir o ajuste e incremento da velocidade do ar conforme preferência individual do usuário. Porém, apesar da grande variabilidade de escolha de velocidades e frequência de uso dos ventiladores entre usuários, as características pessoais e antropométricas apresentaram baixa ou insignificante correlação com as temperaturas médias de conforto e preferências térmica dos usuários. A escolha das temperaturas foi mais influenciada pelo acionamento dos sistemas e condições externas do ambiente. Houve maior tendência de uso dos equipamentos sob altas temperaturas internas, apesar da correlação entre a temperatura e a velocidade média do ar ser baixa. Também foi verificado que, no período com ventiladores, o uso do ar condicionado foi menor, porém, não é possível afirmar que a redução foi gerada pelos ventiladores. O ruído gerado e a não familiaridade dos usuários com o aparelho foram as principais barreiras ao uso, além da baixa demanda gerada pela alta aceitabilidade das condições do ambiente. A temperatura predominante de conforto térmico foi de 26 °C e o ventilador teve um potencial de refrigeração máximo e redução média da sensação térmica de 1,3 K. Além disso, o estudo mostrou que o modelo adaptativo tem maior capacidade de predição das preferências dos usuários do que o modelo SET. Infere-se que a baixa significância estatística e de correlação entre variáveis pode decorrer do pequeno tamanho da amostra, sugerindo a necessidade de estudos mais abrangentes.
Autor:
Maíra de Afonso André
Orientador:
Roberto Lamberts
Resumo:
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