NBR 15575-2021 - Desempenho térmico

A norma brasileira de desempenho de edificações residenciais, ABNT NBR 15575 (ABNT, 2013), entrou em vigor em 2013, com o objetivo de estabelecer os requisitos dos usuários para os ambientes habitacionais. O desempenho é considerado pela norma como o “comportamento em uso de uma edificação e de seus sistemas”. Dessa forma, dentre os requisitos de habitabilidade, é estabelecido o desempenho térmico, que visa garantir ao usuário condições térmicas adequadas para o desenvolvimento das suas atividades na habitação.

Considerando as limitações identificadas no método de 2013 (SORGATO et al, 2012), em 2018 o LabEEE iniciou a elaboração de uma proposta para a revisão da análise de desempenho térmico da NBR 15575. Após um período de desenvolvimento e consolidação do novo método, em 2020 o texto proposto para a revisão foi enviado para a Comissão de Estudos da ABNT e, após discussões, a emenda de norma entrou em consulta nacional entre 17 de novembro e 16 de dezembro de 2020. A publicação está prevista para início de 2021.

Segundo o método proposto, a avaliação do desempenho térmico pode ser realizada por meio de dois procedimentos, simplificado (Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações internas e externas - SVVIE e Parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas) ou de simulação computacional (Parte 1 – Requisitos Gerais), conforme ilustra a figura abaixo.

O procedimento simplificado avalia o desempenho térmico mínimo da unidade habitacional (UH). No novo texto, a principal inovação neste procedimento foi a implementação do critério “Elementos transparentes” na Parte 4 da normativa. Este critério limita a área de superfície de elementos transparentes nos ambientes de permanência prolongada (APP), salas e dormitórios, em proporção à área de piso. A proporção permitida para os elementos transparentes considera também a existência de sombreamento horizontal, o fator solar do vidro ou a etiqueta da esquadria (conforme ABNT NBR 10821). No texto normativo de 2013 não havia limitante para a área de vidro nos APP, permitindo a construção de UH totalmente envidraçadas.

Outro ponto de inovação da emenda é a recomendação de que seja considerada a degradação da absortância à radiação solar, indicando procedimentos de medição ou valores obtidos em estudos de campo. No texto normativo proposto, a consideração da degradação tem caráter informativo, o que já é considerado um avanço, visto que anteriormente não se mencionava a possibilidade de as propriedades térmicas das superfícies sofrerem alterações ao longo do tempo.

O procedimento de simulação computacional representa a maneira mais abrangente e representativa de análise do desempenho térmico disponível no método proposto para a NBR 15575, permitindo avaliações para a obtenção de todos os níveis de desempenho (mínimo, intermediário e superior). Algumas das principais atualizações propostas para o procedimento de simulação computacional são:

  • Adoção de simulações anuais, ao contrário da consideração de dias típicos de verão e inverno;
  • Consideração da edificação na fase de uso e operação, visto que são modeladas as cargas térmicas internas (pessoas, iluminação e equipamentos);
  • Avaliação da edificação em duas condições de uso: com ventilação natural e sem ventilação natural. São consideradas estratégias de ventilação natural, associadas com a quantificação da carga térmica a ser removida quando a ventilação for insuficiente para a obtenção de condições térmicas adequadas nos ambientes;
  • Modelagem de janelas operáveis, com trocas de ar obtidas a partir da velocidade e direção do vento fornecidas pelo arquivo climático, ao invés de uma taxa de renovação de ar fixa sem abertura das janelas;
  • Consideração do cálculo da carga térmica, de forma a avaliar o desempenho térmico da edificação frente ao uso de sistemas de ar condicionado, visto que esses equipamentos estão cada vez mais presentes nas residências brasileiras (EPE, 2020);
  • Análise considerando a comparação entre um modelo do edifício projetado e um modelo de referência (mesmo edifício com características de referência);
  • Estabelecimento de novos indicadores para a avaliação do desempenho térmico: Percentual de horas de ocupação dentro de uma faixa de temperatura operativa (PHFT); temperatura operativa anual máxima e mínima da UH (Tomáx e Tomín); e carga térmica total (CgTT).

Na figura abaixo são ilustrados quais indicadores de desempenho térmico e modelos de simulação são necessárias para a avaliação dos níveis mínimo, intermediário e superior.

Nesta página disponibilizamos alguns documentos que podem servir de apoio à aplicação e ao entendimento da emenda proposta para os capítulos de desempenho térmico da NBR 15575. Dentre os documentos estão as emendas das Partes 1, 4 e 5 da NBR 15575 e a Base Padrão de Arquivos Climáticos para execução das simulações computacionais.

Abaixo disponibilizamos alguns documentos que podem servir de apoio à aplicação e ao entendimento da emenda proposta para os capítulos de desempenho térmico da NBR 15575. Dentre os documentos estão as emendas das Partes 1, 4 e 5 da NBR 15575 e a Base Padrão de Arquivos Climáticos para execução das simulações computacionais.


 

 REFERÊNCIAS

SORGATO, M.J.; MARINOSKI, D.L; MELO, A.P.; LAMBERTS, R. Nota técnica referente à avaliação para a norma de desempenho NBR 15575 em consulta pública. 2012.

ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15575: Edificações habitacionais - Desempenho. Rio de Janeiro, 2013.

ABNT ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10821: Esquadrias para edificações, Parte 4: Esquadrias externas – Requisitos adicionais de desempenho. Rio de Janeiro, 2017.

EPE. EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA. NOTA TÉCNICA: AÇÕES PARA PROMOÇÃO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA NAS EDIFICAÇÕES BRASILEIRAS: NO CAMINHO DA TRANSIÇÃO ENERGÉTICA. Brasília, 2020. Disponível em: <https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/D…;. Acesso em: 04 dez. 2020.


 

Pesquisadores: