No Brasil, o uso de sistemas de aquecimento solar em empreendimentos habitacionais de interesse social tem crescido substancialmente por meio de subsídios públicos. Embora o fomento seja importante para a difusão da tecnologia, não se sabe o real desempenho do sistema em uso e se este desempenho é afetado pelo comportamento do usuário em um contexto composto por muitos problemas socioeconômicos. Conduzido pelo fato de que a forma como o usuário se apropria da edificação influencia significativamente no consumo de energia, o objetivo desta pesquisa é analisar a influência do usuário de baixa renda na economia de energia obtida por meio do uso de sistemas de aquecimento solar de água. Para isso, a estratégia adotada integra uma abordagem social e qualitativa a uma abordagem técnica, por medição. Inicialmente, foi desenvolvido um estudo de caso em Londrina, Paraná, com 200 famílias de baixa renda. Aplicando a técnica de análise de agrupamento, cinco subgrupos homogêneos foram identificados, reduzindo a variabilidade existente. Posteriormente, foi desenvolvido um procedimento de medição detalhada em cinco unidades representativas dos subgrupos. Por meio de um ano de monitoramento em tempo real, obtiveram-se dados de vazão, temperatura e potência, permitindo entender como os fatores de influência afetam a economia. Embora as condições de radiação solar e características técnicas dos sistemas fossem similares, foi obtida uma grande dispersão nos dados de economia de energia, que em média anual, variaram de 9,51 a 18,6 kWh/pessoa. Obteve-se fração solar anual máxima de 0,87, obtida por usuários que utilizam o sistema de maneira mais eficiente. Já os resultados mais altos de economia foram obtidos por usuários com maiores tempos de banho. A falta de entendimento de como funciona a tecnologia e a dificuldade para mistura da água foram os principais fatores que reduziram a economia de energia. Em média, o sistema proporcionou economia de energia acumulada anual de 145 kWh/pessoa e redução na conta de energia de 26%. A redução na demanda máxima de pico atingiu média anual de 75%. O estudo comprova benefícios do sistema de aquecimento solar. Entretanto, estes variam de acordo com a relação entre o usuário e a forma como ele se apropria da tecnologia, relação esta com forte influência do contexto social.
Autor:
Thalita Gorban Ferreira Giglio
Orientador:
Roberto Lamberts
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