O impacto do padrão de uso no desempenho térmico de edificações unifamiliares no Brasil

Autor:
Letícia Gabriela Eli
Orientador:
Ana Paula Melo; Coorientador: Roberto Lamberts
Resumo:

O principal fator levantado nas pesquisas de desempenho térmico é o clima, porém, além deste, existe o padrão de uso. A forma como as pessoas ocupam e se comportam nos espaços têm influência significativa nos resultados. Entretanto, a modelagem do padrão de uso nas simulações computacionais para a análise do desempenho térmico de edificações é um desafio complexo. As pessoas se comportam de maneira diferente, dependendo da sua rotina, cultura, saúde, entre vários outros fatores. Nas edificações residenciais essa variação é ainda mais acentuada. Dessa maneira, buscou-se analisar o impacto no desempenho térmico de edificações residenciais frente às variações no tipo do padrão de uso. Neste trabalho, foram considerados nove padrões de uso, sendo esses a combinação de três diferentes ocupações e três comportamentos. Por ocupação, variou-se o período ocupado (totalmente e parcialmente ocupado) e a densidade de pessoas. Os comportamentos adotados variaram o tipo de climatização, sendo: Ventilação Natural (VN), Ar Condicionado (AC) e Híbrido (H). A tipologia adotada para o estudo foi uma residência unifamiliar térrea, sendo um projeto representativo do programa Minha Casa Minha Vida do governo federal brasileiro. Foram consideradas cinco variações na envoltória, variando transmitância térmica e capacidade térmica de paredes e cobertura, e três diferentes climas, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Maria. Como indicadores, foi analisada a carga térmica anual de refrigeração (CgTR) e o percentual de fração de horas ocupadas com as temperaturas operativas entre 18°C e 26°C (PHFT). Com base nos resultados, observou-se que a alteração do padrão de uso apresentou impacto significativo no desempenho térmico, com variação de até 85% na CgTR e de 75% no PHFT. De maneira complementar, foi aplicada a variação na temperatura operativa de acionamento do cálculo da carga térmica de refrigeração, variando em 26°C (caso base), 27°C, 28°C, 29°C e 30°C. Com essa análise, foi possível verificar que essa alteração no padrão de uso influência significativamente no resultado da CgTR, com reduções de até 96% na CgTR, quando alterada a temperatura de 26°C para 30°C. O balanço térmico no ar dos ambientes de alguns casos selecionados também foi analisado, demonstrando a importância do uso da ventilação natural como uma estratégia de resfriamento das edificações.

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