Medição e verificação em eficiência energética: metodologia para determinação do baseline

Autor:
Ian Felisberto Freire
Orientador:
Roberto Lamberts
Resumo:

O reconhecimento dos benefícios econômicos sociais e ambientais, como conseqüência da implementação de medidas de eficiência energética está se tornando cada vez mais freqüente no Brasil. Na implementação destas medidas, é necessário que se avalie corretamente a quantidade e a forma em que a energia é consumida em cada local, antes e depois da execução dos serviços. Chama-se baseline um específico período de tempo selecionado para representar o uso e custos de energia em uma edificação antes da execução dos serviços de eficiência energética. A determinação do baseline é importante, pois serve de referencial base para se estimar uma meta de economia a ser atingida. O desenvolvimento de metodologias para a avaliação do consumo de energia se apresenta como uma ferramenta fundamental de apoio a estes serviços. A divulgação dos Protocolos de Medição e Verificação (M&V) aqui no Brasil pelo Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE) tem incentivado o aparecimento de novas pesquisas. Esta dissertação tem por finalidade desenvolver uma ferramenta para avaliação do uso de energia em edifícios comerciais e públicos, de acordo com uma das abordagens usadas nos Protocolos, conhecida como Abordagem do Medidor Geral. Usando informações das faturas de consumo mensal de energia e médias mensais de temperaturas externas de bulbo seco, pode-se construir modelos estatísticos através de análises de regressão para avaliar o uso de energia. Nesta pesquisa, testou-se diferentes modelos com dados de consumo obtidos de um conjunto de prédios da cidade de Florianópolis, e dados de temperaturas de uma estação climática local. O banco de dados é separado em dois grupos. No primeiro, formado por 12 prédios, foi testado um único tipo de modelo. Em 9 deles, o coeficiente de determinação (R 2 ) apresentou valores acima de 0,80, mostrando existir uma forte correlação entre a temperatura externa e o consumo mensal de energia. No segundo, formado por 3 prédios, para o mesmo tipo de modelo, dois apresentaram valores de R 2 acima de 0,85. A partir dos resultados obtidos, demonstra-se que estes modelos são capazes de fazer predições do consumo mensal e anual de energia. Em 24 predições anuais testadas no primeiro grupo, doze apresentaram uma diferença menor ou igual a 5% em relação ao valor medido, oito entre 5% e 10%, duas entre 10% e 20% e duas acima de 20%. No segundo grupo, a prioridade foi testar seis variações para cada uma das duas espécies diferentes de modelos abordadas na pesquisa. Em uma das espécies, a correlação é entre o consumo de energia e a temperatura externa (modelos MMT). Na outra, correlaciona-se o consumo com o valor Graus-dia mensal para refrigeração (modelos VBDD). No geral, os modelos MMT apresentaram desempenhos superiores (44,4% com R 2 > 0,80 e 16,7% com R 2 < 0,50) aos modelos VBDD (22,2% com R 2 > 0,80 e 44,4% com R 2 > 0,50), demonstrando que a correlação do consumo com a temperatura é mais forte que a correlação com o valor Graus-dia. Entretanto, para alguns exemplos testados, não existe correlação do consumo, nem com a temperatura, nem com o valor Graus-dia.

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