Usos finais de água potável em edifícios de escritórios localizados em Florianópolis

Autor:
Lúcio Costa Proença
Orientador:
Enedir Ghisi
Resumo:

No Brasil, são relativamente escassos os dados sobre usos finais de água potável, tanto para o setor residencial quanto para os setores público e comercial. Tendo em vista que o conhecimento dos usos finais de água é essencial na elaboração de programas de racionalização do uso de água, torna-se necessário realizar esses estudos para diferentes tipologias de edificações. O objetivo deste trabalho é estimar os usos finais de água em dez edifícios de escritórios localizados na cidade de Florianópolis. As estimativas foram feitas através de entrevistas com os ocupantes de cada edifício. As respostas obtidas indicam quais são os aparelhos sanitários utilizados diariamente, bem como o tempo e freqüência de uso dos mesmos. Através de medições, obteve-se a vazão das torneiras. Para as bacias sanitárias com válvula de descarga, adotou-se a vazão estabelecida pela NBR 5626; para as bacias sanitárias com caixa acoplada, mediu-se a capacidade da caixa. A partir destes dados, estimaram-se os consumos mensais de água e os usos finais de água em cada um dos edifícios pesquisados. Os usos finais foram divididos entre bacias sanitárias, torneiras, limpeza e “outros” (água para consumo humano, lavação de louça ou destinada a outros aparelhos específicos). Os consumos estimados foram comparados com as médias dos consumos reais dos dois anos anteriores ao início dos levantamentos (entre setembro de 2004 e agosto de 2006), utilizando o histórico de consumo fornecido pela concessionária de água local (CASAN). A diferença entre o consumo estimado e a média histórica de consumo de cada edifício foi eliminada após uma análise de sensibilidade, quando se variaram as respostas sobre os hábitos de consumo médios para verificar qual hábito de consumo possuía maior influência sobre a estimativa de consumo de cada edifício. Atribuiu-se, portanto, ao consumo específico mais sensível a diferença encontrada. Verificou-se que a utilização da bacia sanitária é a atividade que mais consome água potável em todos os edifícios pesquisados, variando de 52% a 84% do consumo total de água. Em sete edifícios, as torneiras apresentaram o segundo maior consumo específico (representando entre 7% e 38% do consumo total de água), enquanto os outros três edifícios apresentaram o consumo específico “outros” como o segundo maior (variando de 3% a 35%). Os índices de consumo encontrados para os dez edifícios variaram entre 34,9 e 101,6 litros/pessoa por dia. A principal conclusão, com base nos dez edifícios estudados, é de que a redução no consumo de água potável em bacias sanitárias pode ser, provavelmente, a ação de maior impacto em um programa de uso racional de água em edifícios de escritórios. Evidencia-se também o grande potencial de diminuição do consumo de água potável, já que, pelo menos, entre 56% e 86% da água consumida atualmente nos edifícios pesquisados destina-se a atividades que não necessitam de água potável, que, nos casos estudados neste trabalho, são descarga de bacias sanitárias e limpeza. A instalação de equipamentos economizadores (com prioridade para bacias sanitárias), aproveitamento de água pluvial (em descargas de bacia sanitária e limpeza) e reuso de água (em descargas de bacias sanitárias) são algumas das alternativas que podem ser utilizadas para diminuir o consumo de água potável em edifícios da mesma tipologia dos edifícios estudados neste trabalho.